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Artigo de Ney Lopes, hoje na "Tribuna do Norte", RN: "A intolerância do PT" -

Postado às 04h28 | 21 Nov 2018

Os novos governos – federal e estadual – começam a colocar os times em campo, com a escolha de auxiliares.

Disse bem o ex-ministro e governador Ciro Gomes sobre o presidente Bolsonaro: "ele comanda o avião em que todos estamos como passageiros. Sou obrigado a desejar que dê tudo certo".

Repito a mesma afirmação, em relação à governadora Fátima Bezerra do RN.

Preocupam-me os resquícios de radicalismo político-ideológico, ainda no ar. A polarização PT e anti-PT enlouqueceu a direita radical, que considerava “esquerdinha petista”, quem não pensasse como ela e extremistas de esquerda rotulavam de “golpistas fascistas”, os que deles discordassem.

Ficaram mais perto da sensatez, aqueles que receberam epítetos de um lado e de outro.

De agora por diante, a palavra chave será “tolerância”.

Afinal, o que distingue a democracia de uma ditadura é a liberdade dos que discordam poderem dizer “não”.

No atual momento nacional, um exemplo incontroverso de intolerância são as ácidas críticas ao embaixador Ernesto Araújo, indicado pelo Presidente Bolsonaro para o ministério das Relações Exteriores.

 “Por que” tanta indignação do PT e aliados, quando se trata de Embaixador considerado competente pelos próprios colegas, afável no trato, tendo sido promovido e exercido funções importantes em governos petistas?

As restrições baseiam-se em posições pessoais assumidas por ele, contra a diretriz política do PT, antiglobalização e simpatia pelo presidente Trump.

Não se trata de concordar ou não com as ideias do novo ministro, mas sim repetir Voltaire:

“Posso não concordar com nenhuma das palavras que disser, mas defenderei até a morte o direito de dizê-las”.

Quando presidi o PARLATINO (Parlamento Latino Americano) e a Comissão Mista do MERCOSUL no Congresso Nacional testemunhei o eficiente trabalho do Embaixador Ernesto Araújo.

Falta autoridade ao petismo para condenar a indicação presidencial do futuro ministro das Relações Exteriores. 

Pela vivência que tive na chamada diplomacia-parlamentar, recordo que o PT adotou posições ultrarradicais na política externa brasileira, a partir de 2003. O “guru” ideológico do Presidente Lula, professor Marco Aurélio Garcia, durante treze anos, exerceu de “fato” o cargo de Ministro das Relações Exteriores.

O “titular” Celso Amorim “carimbava” as suas decisões.

Foi ele quem implantou a chamada diplomacia “ativa e altiva”, com apostas na América do Sul, África, palestinos e árabes, incluindo notórias ditaduras. A política externa passou a ser “ideológica” e “partidarizada”.

Sabe-se, inclusive, que existiam discordâncias internas no próprio governo. Em entrevista ao professor Dawisson Belém Lopes (Estado), o professor Marco Aurélio revelou um fato, que aproxima as posições atuais do Embaixador Ernesto Araújo ao deputado José Dirceu, à época chefe da Casa Civil.  

Disse Marco Aurélio, que Dirceu “era muito pró-americano no começo do governo Lula” e chegou a sugerir que o embaixador americanista Rubens Barbosa fosse o Ministro de Relações Exteriores de Lula.

Somaram-se desastres na política externa petista. Um deles é a criação em 2008, da UNASUL (União de Nações Sul-Americanas) pelos ex-presidentes Lula, Hugo Chávez (Venezuela) e Nestor Kirchner (Argentina), com o único objetivo de “esvaziar” o PARLATINO.

Hoje restam escombros da tal UNASUL, além de casos de corrupção. Enquanto isso, o PARLATINO, instituição referendada por todos os países latino-americanos, funciona há mais de 50 anos, sem nunca ter ocorrido escândalo político-administrativo, incluindo-se a presidência exercida pelo autor do artigo (2002-2006).

Outra lamentável injustiça ocorreu com a demissão sumária do Ministério das Relações Exteriores, do embaixador Antonio Patriota, filho do jornalista e diplomata conterrâneo Antonio Patriota.  

Ele foi vítima da “intolerante” política externa petista ao manifestar-se favorável ao asilo político do senador boliviano Roger Pinto. Dilma demitiu o ministro Antonio Patriota, para satisfazer Evo Morales, o ditador boliviano.

O PT, que fala tanto em democracia, precisa aprender que na política, jamais todos pensarão da mesma maneira. O Embaixador Ernesto Araújo exerce apenas o seu direito de pensar, como da mesma maneira no passado, o “conselheiro” Marco Aurélio Garcia conduziu a nossa política externa, voltado para alianças consideradas suspeitas, em várias partes do mundo.

Será que o embaixador Ernesto Araújo está impossibilitado de ser ministro, por discordar dessa orientação?

É o caso dizer: basta de tanta intolerância!

 

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