Postado às 05h06 | 25 Mai 2018
Tal como surpreendeu o mundo ao anunciar um encontro com Kim Jong-un, o presidente dos EUA volta a causar surpresa ao cancelar o encontro marcado para Singapura.
E dá troco à retórica de Pyongyang com a ameaça militar
A anulação do encontro, por parte do presidente norte-americano, explicada em carta endereçada ao norte-coreano, deveu-se à "hostilidade aberta" que o regime norte-coreano mostrou nos últimos dias.
A "última gota", disseram fontes da Casa Branca à Reuters, foram as declarações da vice-ministra dos Negócios Estrangeiros, Choe Son Hui, sobre o vice-presidente Mike Pence.
O dirigente norte-americano, em recente entrevista à Fox News, disse que "isto só vai terminar como o modelo líbio se Kim Jong-un não chegar a acordo".
Ou seja, disse que o líder norte-coreano teria o mesmo destino de Muammar Kadhafi - morto pelo próprio povo na sequência da intervenção da NATO, em 2011 - se as negociações não chegassem ao final feliz.
A resposta de Choe às "observações desabridas e desavergonhadas", veiculada pela agência KCNA, deu-se na quinta-feira:
"Não posso reprimir a minha surpresa com comentários tão ignorantes e estúpidos que saem da boca do vice-presidente dos EUA."
A ministra concluiu:
"Se nos vamos encontrar numa sala de reuniões ou num confronto nuclear depende inteiramente da decisão e do comportamento dos Estados Unidos."
Outra fonte da Casa Branca realça esta frase:
"Os norte-coreanos ameaçaram-nos literalmente com guerra nuclear na declaração. Encontro alguma podia ter sucesso perante estas circunstâncias."
"Infelizmente, tendo em conta a enorme raiva e hostilidade aberta no vosso comunicado mais recente, sinto que não é apropriado, nesta altura, que se realize este encontro há muito planeado", escreveu Donald Trump a Kim Jong-un.
"Vocês falam das vossas capacidades nucleares, mas as nossas são tão excepcionais e fortes que rezo a Deus para nunca terem de ser usadas", advertiu.
Na missiva, Trump agradece a recente libertação dos três cidadãos norte-americanos, um "bonito gesto, muito apreciado".
E faz votos de que "espera um dia conhecer" Kim Jong-un e, caso este mude de ideias, que o contacte, por telefone ou por carta.
"O mundo, e a Coreia do Norte em particular, perderam uma grande oportunidade para uma paz duradoura e grande prosperidade e riqueza. Esta oportunidade perdida é verdadeiramente um momento triste na História", conclui Trump.