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Único potiguar a ocupar em caráter permanente a Presidência nascia há 125 anos

Postado às 06h57 | 03 Fev 2024

Há 125 anos, nascia Café Filho, em Natal, no bairro das Rocas, no dia 03 de fevereiro de 1899.

Ele é o único potiguar, que ocupou em caráter permanente a Presidência da República do Brasil.

Infelizmente, a sua memória não é cultuada como deveria ser na sua própria terra.

Cascudo tinha razão ao afirmar, que  “Natal não consagra, nem desconsagra ninguém”.

Leia a seguir texto do site “o melhor de Natal”.

Do site: https://omelhordenatal.com.br/

João Fernandes Campos Café Filho, nascido em Natal no dia 3 de fevereiro de 1899, foi um renomado advogado e político brasileiro.

Ele se destacou como o 18º presidente do Brasil, ocupando o cargo de 24 de agosto de 1954 até 8 de novembro de 1955.

Antes disso, entre 1951 e 1954, exerceu a função de 13º vice-presidente brasileiro e, simultaneamente, presidiu o Senado Federal.

Café Filho tem a distinção de ser o único natalense e o primeiro protestante a assumir a presidência brasileira. Junto com Ernesto Geisel, são os únicos presidentes protestantes do país.

Além disso, ele foi o primeiro presidente nascido após a Proclamação da República.

Nascido no Rio Grande do Norte, Café Filho começou sua carreira como jornalista na juventude.

Entre os anos de 1918 e 1919, destacou-se como o primeiro goleiro do Alecrim Futebol Clube.

Ele detém a notável distinção de ser o único presidente brasileiro que atuou como jogador de futebol em competições adultas.

Na esfera política, Café Filho esteve ativamente envolvido na campanha da Aliança Liberal em 1930.

Em 1933, fundou o Partido Social Nacionalista (PSN) no Rio Grande do Norte.

Anos depois, associou-se à criação do Partido Social Progressista, ligado a Ademar Pereira de Barros.

Foi eleito deputado federal em 1934 e 1945.

No entanto, seu ativismo político não foi sem desafios.

Em face de suas constantes denúncias na Câmara sobre a possibilidade de um golpe, Café Filho enfrentou represálias.

Em 14 de outubro de 1937, sua casa foi alvo de uma invasão policial e seu cunhado, Raimundo Fernandes, foi detido.

Para evitar sua própria prisão, Café Filho se manteve em ocultação até 16 de outubro.

Com a ajuda do deputado José Matoso de Sampaio Correia, conseguiu asilo político na embaixada da Argentina e, posteriormente, exilou-se no país vizinho de novembro de 1937 a maio de 1938.

Café Filho nas eleições de 1950

No pleito de 1950, Ademar de Barros, governador de São Paulo e líder do Partido Social Progressista (PSP), condicionou seu apoio à candidatura presidencial de Getúlio Vargas à indicação de Café Filho para a vice-presidência.

Essa imposição encontrou resistência em Getúlio, uma vez que Café Filho era visto com desconfiança por militares e pela igreja católica, por ser percebido como um político de inclinações esquerdistas.

Em sua trajetória, Café Filho se opôs à aplicação da Lei de Segurança Nacional em 1935 e, em outubro de 1937, posicionou-se contra o estado de guerra proposto com base no Plano Cohen, um documento falso usado para justificar a instauração da ditadura do Estado Novo.

No parlamento, advogou contra a anulação do registro do PCB e a cassação dos mandatos dos parlamentares comunistas.

Era também um fervoroso defensor da legalização do divórcio.

Incomodado com a hesitação de Getúlio, Ademar foi incisivo em sua mensagem à mídia: “A eleição de Vargas depende do PSP”, declarou.

E, de forma determinada, acrescentou: “A candidatura do Café Filho a vice-presidente será mantida, independentemente dos obstáculos”.

Diante dessa pressão, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) só oficializou a candidatura de Café Filho junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na data limite para o registro eleitoral.

Mesmo formando a mesma chapa, a desconfiança entre Getúlio e Café Filho permaneceu evidente.

Em 1950, as votações para presidente e vice-presidente eram separadas.

Ainda assim, Café Filho sagrou-se vitorioso na corrida pela vice-presidência, superando o segundo colocado, Odilon Duarte Braga da União Democrática Nacional (UDN), por uma margem de 200 mil votos.

Adicionalmente, Café Filho foi reeleito como deputado federal pelo Rio Grande do Norte (conforme permitido pela legislação eleitoral da época). 

Ele se destacou ao receber mais de 19 mil votos, superando renomados políticos do estado, como Aluízio Alves, Djalma Marinho, Valfredo Gurgel, Jerônimo Dix-huit Rosado e José Augusto Bezerra de Medeiros.

Café Filho como vice-presidente do Brasil

No cenário de instabilidade que se seguiu ao atentado da rua Tonelero, o Brasil enfrentou uma intensa crise política.

Em meio a essa turbulência, Café Filho propôs a Getúlio Vargas que ambos entregassem seus cargos ao mesmo tempo, possibilitando a formação de um governo interino de coalizão.

Vargas, ponderando a proposta, buscou o conselho de amigos, inclusive o ministro da justiça, Tancredo Neves.

Neves aconselhou Vargas a descartar a sugestão, considerando-a uma estratégia astuta de Café Filho.

Após refletir, Getúlio comunicou a Café Filho sua decisão de permanecer no cargo.

Em resposta, Café Filho declarou que, uma vez que sua sugestão foi recusada, ele não se sentia mais compelido a manter sua lealdade inabalável a Getúlio e ressaltou:

“Se por algum motivo o senhor deixar este palácio, é meu dever constitucional assumi-lo”.

Café Filho foi presidente do Brasil

Após o trágico suicídio de Vargas em 24 de agosto de 1954, Café Filho assumiu a presidência, mantendo-se no cargo até novembro de 1955.

Em abril daquele ano, ele foi honrado com a Grã-Cruz da Banda das Três Ordens.

Durante seu mandato, destacou-se pela adoção de políticas econômicas liberais, lideradas pelo economista Eugênio Gudin.

Este era um firme defensor de medidas econômicas ortodoxas e propôs a redução de gastos públicos, o limite de crédito, a criação de uma taxa única de eletrificação e a retenção automática do imposto de renda sobre salários, sempre visando combater a inflação.

Contudo, divergências surgiram e, em abril, Gudin renunciou.

As razões incluíam descontentamentos locais com as políticas cambiais e demandas políticas do governador de São Paulo, Jânio Quadros.

O sucessor de Gudin foi José Maria Whitaker, que enfrentou desafios significativos em sua gestão, resultando em sua renúncia em outubro de 1955.

Mário Leopoldo Pereira da Câmara assumiu o posto até janeiro do ano subsequente.

Conforme registros da Presidência, seu governo teve outras realizações notáveis, como a criação da Comissão para determinar o local da nova capital federal, a inauguração da usina hidrelétrica de Paulo Afonso e o estímulo ao investimento estrangeiro, impulsionando o processo de industrialização do país.

Visando a coesão e o apoio parlamentar, Café Filho sempre enfatizava o caráter temporário de sua gestão e sua falta de ambições políticas maiores.

Seu mandato foi, assim, marcado por uma postura conciliatória, contando com a colaboração de militares, empresários e políticos.

Em novembro de 1955, Café Filho teve que se afastar da presidência por problemas de saúde.

Em seu lugar, assumiu Carlos Luz, presidente da Câmara, que foi rapidamente deposto após tentar barrar a posse do presidente eleito, Juscelino Kubitschek.

Após sua passagem pela presidência, Café Filho dedicou-se ao ramo imobiliário no Rio de Janeiro.

Em 1961, a convite do governador Carlos Lacerda, aceitou a posição de ministro no Tribunal de Contas da Guanabara, onde atuou até sua aposentadoria em 1969.

Café Filho faleceu no Rio de Janeiro em 20 de fevereiro de 1970.

Em suas memórias, ele confessou: “Admito que não estava preparado para ser presidente, e acredito que ninguém realmente esteja”.

Sua partida foi lamentada por diversas personalidades, incluindo o almirante Augusto Rademaker, vice-presidente do Brasil na época, e Bento Munhoz da Rocha, ex-governador do Paraná, que expressou seu pesar dizendo que sentia a perda “como a de um inestimável aliado”.

Café Filho foi enterrado no Cemitério de São João Batista, situado no Rio de Janeiro.

 

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