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Alto Comando manda recado a Bolsonaro de que não cederá ao golpismo

Postado às 15h26 | 30 Mar 2021

Globo

O Alto Comando do Exército decidiu em reuniões ontem e hoje que não vai ceder ao impulso golpista de Jair Bolsonaro. Os generais estão contrariados com a demissão do ministro da Defesa. Avaliam que o presidente quer usar a força militar para "uma aventura", e dizem que vão resistir. 

Os 16 generais de quatro estrelas que formam a instância máxima da força militar discutiram ontem a substituição do comandante do Exército Edson Leal Pujol, que deve deixar o cargo, e resolveram enviar um recado claro ao presidente de que o Exército não vai aderir às tentativas de Bolsonaro de pedir apoio ao governo contra o STF e a ações que vêm sendo cogitadas no  interior do governo, como a decretação de um estado de Defesa ou estado de sítio.

A saída dos três chefes das Forças Armadas, decidida agora há pouco, faz parte desse movimento. O mais cotado para assumir o comando do Exército é o general Marco Antônio Freire Gomes, Comandante Militar do Nordeste. Na Marinha, deve assumir o Almirante Almir Garnier, hoje Secretário-Geral do Ministério da Defesa. 

Entre os generais do Alto Comando o que se diz é que, embora a indicação de Freire Gomes seja a que mais agrada Bolsonaro, "ele não será dócil" ao presidente. O general, considerado um moderado, é o quinto mais antigo da carreira. A tradição é que o comandante do Exército seja escolhido entre os três mais antigos. Mas o Alto Comando não vai se opor a que Freire Gomes seja indicado por Bolsonaro. 

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Nesta segunda-feira, o ministro da Defesa, Fernando de Azevedo e Silva, deixou o cargo por não concordar com a demissão de Pujol do comando do Exército e por não querer ceder a pressões do presidente da República. A aliados, Azevedo disse que saiu porque não queria repetir o que viveu em maio passado. 

Maio de 2020 foi o mês em que bolsonaristas realizaram diversas manifestações pedindo intervenção militar e atacando o Supremo Tribunal Federal. 

O mês começou com Bolsonaro recebendo e cumprimentando manifestantes na rampa do Palácio do Planalto e afirmando que "chegou ao limite", que não iria "admitir mais interferência"  e que "não tem mais conversa" com o Supremo. O presidente vivia então uma crise com a corte, porque o ministro Alexandre de Morais havia anulado em decisão monocrática a nomeação de Alexandre Ramagem para dirigir a Polícia Federal. Na ocasião, o presidente chegou a afirmar que  "as Forças Armadas estão ao nosso lado".

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