Postado às 16h59 | 15 Mai 2020
Ney Lopes
Em clima político apocalíptico, o país foi sacudido, com o pedido de demissão do Ministro Nelson Teich, que assumiu há menos de um mês. A nova crise se instala, no momento em que o país atinge mais de 14.000 mortos por covid-19 e ultrapassa 200.000 infecções.
O ministro foi extremamente elegante e discreto, ao anunciar o seu pedido de exoneração. Disse que a “vida é feita de escolhas” e resolveu sair. Justificou ter aceito o convite, por pensar que “poderia ajudar o Brasil”. Não completou a frase, porém sabe-se que isso não foi possível. As razões foram interferências indébitas do presidente.
Primeiro, ao anunciar, sem ouvi-lo, em atendimento a empresários, a suspensão do isolamento social horizontal, além de decretar “guerra” (citou expressamente essa palavra) com os governadores e prefeitos.
Segundo, o desejo de Bolsonaro querer a ferro e a fogo, que o uso da cloroquina fosse recomendado pelo Ministério. Atualmente, a autorização ocorre em casos graves e de internação, a critério do médico.
A propósito, acaba de ser publicado um dos maiores estudos sobre essa substancia, na “Revista Jama” (Journal of the American Medical Association), que revelou não haver redução de mortalidade de pessoas infectadas, nem quando a droga é associada a azitromicina.
Por acaso, ontem, 14, o ditador Nicolás Maduro da Venezuela, publicou a recomendação da cloroquina, no tratamento da epidemia. Qualquer semelhança entre os dois governantes é mera coincidência!
Todos esses fatos isolaram Teich, inclusive porque o presidente “militarizou” o ministério, de cima a baixo, distribuindo cargos a companheiros de farda, sem o conhecimento do ministro. Diante disso,não houve outra alternativa, senão pedir demissão, que foi atitude digna, em defesa do seu patrimônio de seriedade cientifica. Diz-se, que o conhecimento das pessoas é pela maneira como elas saem e não como elas entram.
O ministro Teich saiu dignamente. Restou uma nação atônita, mergulhada numa pandemia, que cresce.
Literalmente, o Brasil está nas mãos de Deus!