Notícias

Análise: "Hoje, eleições decisivas na Colômbia e França"

Postado às 06h24 | 19 Jun 2022

Ney Lopes

Neste domingo, 19, realizam-se duas eleições decisivas na Colômbia e na França.

Gustavo Petro e Rodolfo Hernández disputam o segundo turno das eleições colombianas.

Do desfecho só se sabe que representará uma quebra com as tradições políticas do país.

Quer vença o esquerdista Gustavo Petro, há décadas guerrilheiro do movimento M-19 ou o outsider populista Rodolfo Hernández, engenheiro e milionário, empresário da construção civil, a reviravolta inadiável que os colombianos exigiram vai surgir das urnas.

A campanha repleta de denúncias de escândalos acabou sem debate entre Petro e Hernández.

É neste clima que a Colômbia chega hoje às urnas.

Foi a campanha mais suja da História, com escândalos e golpes baixos diários: manipulações, insultos, falsidades, ameaças, espionagem, fugas de informação, intervenções judiciais, malas cheias de dólares, personagens obscuras, pactos prisionais e paramilitares, e mesmo antigos terroristas.

São eleições transcendentais, que servirão não só para eleger um residente da mudança como para resolver o presente quebra-cabeças da América Latina.

Se ganhar Petro, a Colômbia terá um peso específico e isso significará um triunfo para a esquerda sul-americana.

O eixo norte-sul que já se esboça na região viria do México, passando por Cuba, Nicarágua, Honduras, Venezuela, Peru, Bolívia, Argentina, Chile e Brasil, caso se confirme a vitória de Lula em outubro.

A Colômbia é hoje o principal aliado dos Estados Unidos na América Latina e o mais importante contrapeso à revolução bolivariana.

Na França, os desafios que podem sair das urnas não são menores.

As eleições d ehoje irão definir a composição da Assembleia Nacional francesa.

A maioria absoluta do partido de Macron pode estar em risco.

O Presidente francês enfrenta agora uma esquerda unida, que formou a coligação Nova União Popular Ecológica e Social.

Pela primeira vez em 25 anos, os principais partidos de esquerda - ecologistas, comunistas, socialistas e França Insubmissa (esquerda radical) -  decidiram concorrer em uma frente unida, liderada por Jean-Luc Mélenchon, candidato que ficou em terceiro lugar na última eleição presidencial.

O partido de Macron na última eleição legislativa de 2017 obteve uma maioria absoluta confortável, com 351 deputados num total de 577.

Uma das últimas pesquisas, estima que a coligação presidencial deve obter entre 265 e 305 deputados - são necessários 289 para obter a maioria absoluta.

Manter a maioria absoluta é o cenário desejado por Macron, após um primeiro mandato marcado por protestos sociais, a pandemia e, na reta final, a guerra na Ucrânia.

Nessa nova fase de governo, ele espera retomar sua agenda reformista, liberal e, sobretudo, em defesa da unidade europeia.

As cartas estão lançadas na Colômbia e na França, com resultados imprevisíveis, que terão grande importância no cenário geopolítico mundial.

 

 

 

Deixe sua Opinião