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Análise: "​​​​​​​Japão não tem, mas deseja inflação"

Postado às 06h29 | 27 Jun 2022

Ney Lopes

A inflação é atualmente o fantasma da maioria dos países, em consequência da catástrofe da pandemia.

Pela globalização, o fenômeno traz prejuízos para todo o planeta.

Portanto, não é uma questão nacional. No Brasil, a taxa anual se aproxima de dois dígitos.

No Reino Unido, está em 9,1%, a maior em 40 anos. Nos Estados Unidos, alcança 8,5%, a maior desde 1981 e chama a atenção dos analistas pelo risco de formação de “bolhas”.

Em 2008 começou a “bolha” em razão da especulação imobiliária nos Estados Unidos, causada por um aumento abusivo nos valores dos imóveis.

Ese marco do colapso do sistema financeiro norte-americano, também é conhecido como crise do subprime e foi causada pelo aumento na facilidade nos financiamentos de imóveis no país, marcado por uma intensa desregulamentação do mercado financeiro.

O curioso é que enquanto uma onda de inflação abala as economias do planeta e faz os preços dos alimentos, da gasolina e dos aluguéis dispararem, há um país que ficou de fora desses números assustadores.

Este ano os preços globais dos alimentos japoneses estão em seu ponto mais alto desde 1990, atingindo apenas .um aumento ao consumidor de 0,9% em fevereiro, ante 7,9% nos EUA e 6,2% na União Europeia.

No Brasil, a inflação de março anualizada foi de 11,3%; no Chile, de 7,8% em fevereiro, a do México, de 7,2% e a da Colômbia, de 8,1%.

Neste contexto, o Japão quer que sua inflação seja mais alta e há anos vem implementando medidas sem sucesso para tentar conseguir isso.

O objetivo de seu banco central é que a inflação fique em torno de 2%, nível considerado saudável.

O aumento dos preços da energia, fertilizantes e culturas básicas como o trigo, devido à guerra da Rússia com a Ucrânia, deixou o país com a maior elevação anual em 30 anos.

Apesar disso, a subida de preços ainda é menor do que a do resto do mundo.

O que torna o Japão diferente é que, após décadas de deflação, seus cidadãos estão extremamente relutantes em consumir a preços mais altos.

Economistas consideram que o lento crescimento econômico do Japão é em grande parte um reflexo de uma taxa de crescimento populacional em declínio e uma taxa de crescimento da força de trabalho de apenas 0,1%".

A preocupação dos japoneses é com a aposentadoria futura para sobreviverem.

Isso faz com que economizem muito e consumam pouco.

No Brasil, o cenário é diferente.

A inflação atinge principalmente os mais pobres.

O país hoje tem reservas de US$ 340 bilhões, o que permite aguentar algum tempo.

O risco é a recessão dos EEUU que gera instabilidade no mercado, aumenta o custo do dinheiro e afeta o crescimento global.

O futuro presidente a ser eleito em outubro precisa estar preparado para enfrentar essa situação. 

Não será fácil.

Por isso, a população deve exigir na campanha propostas claras para evitar que o improviso dos eleitos conduza a nação ao precipício.

 

 

 

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