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Análise: "Momento político delicado"

Postado às 06h45 | 01 Jul 2021

Ney Lopes

Independente de atribuir responsabilidade ou culpa, não se pode negar que o Planalto atravessa dificuldades políticas, no momento.

Uma das razões é o estilo impulsivo do presidente, que nunca poupou palavras para acusar os seus adversários, sobretudo de corrupção.

Tais atitudes estimulam represálias, ainda que sem fundamento legal.

No final, quem “paga o pato” é o Brasil transformado em cenário de conflitos políticos, cuja tendência é o crescimento.

Tudo isso acontece numa antevéspera de eleições gerais em 2022, nas quais o povo vai eleger aqueles que irão reconstruir a nação, após o flagelo da pandemia.

Momento realmente difícil e preocupante.

Dois fatos agravam essa conjuntura indefinida.

Primeiro, a mobilização pró impeachment e segundo a apresentação de denúncia contra o presidente Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional.

Por mais que se propaguem denúncias e versões não há provas suficientes para mais um impeachment presidencial no Brasil.

Esse instituto jurídico não pode ser usado como vindita política.

Vê-se no país o judiciário funcionando normalmente e uma CPI apurando denúncias.

Por que antecipar conclusões e instaurar procedimento de impeachment, que irá paralisar ainda mais o país?

Afinal, estamos próximos das eleições de 2022, quando o povo irá julgar com mais eficiência do que os tribunais.

Falar em impeachment é colaborar para a mera satisfação de apetites políticos radicais.

Outro ponto delicadíssimo é a denúncia contra Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional de Haia.

O Brasil reconhece, por tratado, esse tribunal, cuja competência na responsabilização de chefes ou ex-chefes de Estado demora muito tempo para ser concluída (cerca de 10 anos), mas prevê prisão de até 30 anos, pedidos de desculpa e indenizações penas na hipótese de condenação.

Seria uma “espada de Dâmocles” para Bolsonaro, após deixar o governo.

A acusação feita é de genocídio dos povos indígenas e devastação da Amazônia.

Percebe-se o visível exagero.

O governo pode ter erros, porém não configura, até agora, tais crimes, pelo fato de que as situações atuais são herança dos governos passados.

Todavia, tem que ser considerada a “má vontade” internacional com Bolsonaro, por conta do estilo impetuoso dele, em relação a países e chefes de estado, na questão amazônica.

Na condução da pandemia, cria arestas com declarações absolutamente desnecessárias, que terminam afetando a sua imagem global. 

Diante de tais circunstancias, a recomendação é de cautela, no acompanhamento e esclarecimentos permanentes nos fóruns e órgãos intrenacionais competentes.

O momento político é delicado.

Por isso, não se pode desdenhar.

 

 

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