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Análise: "O exemplo da Universidade dos pobres"

Postado às 06h33 | 14 Jan 2022

Ney Lopes

A Índia oferece uma experiencia de crescimento social e econômico, que merece reflexão dos administradores estaduais e municipais do Brasil.

O ‘Barrefoot College” foi criado em 1972 pelo ativista Bunker Roy, na região indiana de Tilônia, na Índia.

A instituição é também conhecida como a Universidade dos Pobres.

O pensamento de Bunker Roy apoia-se na tese de que o desenvolvimento das comunidades pobres não necessita de diplomas formais nas Universidades e qualificações especiais.

Ele defende que o crescimento tem origem na mão de obra dos próprios habitantes, dirigida pelas pessoas beneficiadas por seus serviços.

Foi assim que surgiu a Faculdade dos Pés-Descalços.

É o único local na Índia onde, se alguém tem um doutorado ou mestrado, não é visto como qualificado.

Você tem de ser um inconformado, um desgraçado ou um marginalizado para frequentar essa faculdade.

Tem que mostrar uma habilidade que possa oferecer à comunidade, para prestar um serviço.

Nesta Universidade não são emitidos certificados e nem são aceitos professores com PHD.

A instituição prioriza o ensino de mulheres, sobretudo senhoras de meia idade.

O motivo, segundo o fundador, reside no fato de mulheres serem mais preocupadas com a comunidade.

Apesar de sediada em Tilônia, na Índia, a instituição já atua em 8 países dos continentes asiáticos e africanos em parceria com na ONU e atende mais de 100 mil pessoas no mundo, na oferta de energia solar, eólica, água, educação, cuidados com a saúde, comunicação, artesanatos rurais, direitos da mulher, desenvolvimento de terras não cultivadas.

Os princípios básicos do “Bareffot College” são: “Igualdade”: todos os membros são iguais; “Coletivismo”: todos são envolvidos nos processos de decisão; “Autonomia”: o objetivo é fomentar a interação e o trabalho conjunto no desenvolvimento da comunidade; “Descentralização”: o programa está comprometido em favorecer, indiferente a hierarquias, a capacidade de decisão aos locais; “Simplicidade”: empenho em gerar uma comunidade familiar e um criativo e estimulante ambiente.

O “Barefoot College” merece ser analisado no Brasil.

Os governos estaduais e municípios poderiam buscar a sua parceria.

A ideia comprova que o desenvolvimento das comunidades pobres nasce delas mesmo.

É suficiente tentar e acreditar no que disse Mahatma Gandhi: “primeiro as pessoas ignoram você. Depois lutam contra você. Depois... você vence”.

 

 

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