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Análise: "O mau exemplo do PSDB"

Postado às 06h00 | 20 Mai 2022

Ney Lopes

Não significa defender João Dória, mas é deprimente o que ele sofre dentro do seu próprio partido, o PSDB.

Absolutamente injustificável, que seja feita uma prévia, gasto muito dinheiro com o resultado desrespeitado.

João Doria poderia até não ser candidato, caso por opção própria saísse da disputa.

Nunca alvo de “fogo amigo” dos seus correligionários.

O fato contribui para a descrença na classe política. O resultado é que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) sentem que suas estratégias deram certo, com a falta de opção no primeiro turno, favorecendo a polarização entre os dois, que juntos detêm em torno de 70% nas pesquisas.

Petistas e bolsonaristas usam a tese em benefício próprio e instigam as bases a endossar um caráter plebiscitário da votação de 2 de outubro, evitando a segunda volta prevista para para o dia 30 do mesmo mês.

Os resultados inexpressivos da chamada terceira via, com o malogro de uma candidatura única, somados à cristalização do confronto direto entre a dupla de antagonistas, reforçam o apelo pela liquidação imediata do pleito, embora alguns observadores considerem a hipótese remota.

Ciro Gomes, terceiro colocado nas pesquisas (6% no Datafolha de março), é alvo de intensa pressão para que retire sua candidatura em favor de Lula.

Apoiadores do petista (que alcançou 43%) sustentam que os votos do pedetista migrariam para o ex-presidente e poderiam elegê-lo logo na primeira fase.

Desafeto de João Dória, o deputado Aécio Neves afirma que o PSDB não deve fechar “aliança automática” com a senadora Tebet e lembra que o o MDB foi sócio dos equívocos do PT.

Nos bastidores, tucanos avaliam que a estratégia de Aécio tem como objetivo abrir caminho para o apoio ao presidente Bolsonaro.

Ex-presidente do PSDB, Aécio diz que os tucanos devem apresentar candidatura própria à Presidência para ser alternativa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Bolsonaro, desde que não seja a de Doria.

Para evitar uma aliança com o MDB, o principal argumento citado pelo mineiro é que a senadora Simone Tebet (MDB-MS), pré-candidata presidencial, pode ser rifada pela própria legenda na convenção partidária.

Aécio tem reclamado, em conversas reservadas, que não quer ficar a reboque do que vão decidir caciques do outro partido, como o senador Renan Calheiros e o ex-presidente José Sarney, que apoiam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Uma ala do PSDB ainda tenta fazer com que o senador Tasso Jereissati (CE) ou o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite possam ser candidatos do partido.

Cenário realmente de tumulto entre os tucanos.

O partido se esfacela e perde a sua unidade, quando inegavelmente era um ponto de equilíbrio da política brasileira.

A reconstrução do Brasil inclui a montagem de um sistema partidário sólido, para que a nossa democracia não sofra as oscilações e riscos, causados no momento pelo mau exemplo do PSDB.

 

 

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