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Análise: “Pesquisas eleitorais são confiáveis?”

Postado às 16h06 | 13 Set 2024

Ney Lopes

Em matéria de eleição, a maior “dor de cabeça” para os candidatos são as pesquisas eleitorais.

Não se nega a importância delas, que é um instrumento científico de sondagem para o conhecimento prévio da intenção de voto dos eleitores.

O grande problema no Brasil é a “comercialização” das pesquisas. Ressalvo, por justiça, as organizações idôneas.

Mas, não se pode “cobrir o sol com a peneira”, quando se fala do uso fraudulento das pesquisas nas eleições brasileiras.

Guardo sofridas experiências pessoais.

Em 2004, fui candidato a prefeito de Natal. Recebi propostas para a alavancagem da campanha, através de pesquisas cujos resultados seriam manipulados ao meu favor, mediante “ajuste” financeiro prévio.

Como não aceitei, tive contra mim sondagens contrárias, que desacreditaram a minha campanha, até entre os correligionários.

Nos Estados Unidos, o Instituto Gallup em 1936, manipulou em quase 7 pontos percentuais, a vantagem do candidato Roosevelt, que perdia nas pesquisas e ganhou a eleição.

Origem

A pesquisa eleitoral nasceu no século XIX (1824), com a “primeira enquete” realizada nos Estados Unidos, em eleição presidencial.

No Brasil, a primeira foi em 1940, com a finalidade de identificar qual posição deveria assumir o país, caso os Estados Unidos entrassem na II Guerra Mundial.

Na Bulgária e França a publicação de pesquisas é proibida no período de 14 dias anteriores ao término da campanha eleitoral.

Na Itália, o prazo vedado é de 15 dias.

Em Cingapura, a proibição é total, ou seja, durante toda a duração do período eleitoral.

O Conselho da Europa, em setembro de 1999, aprovou recomendação sobre a pesquisa e divulgação na mídia em período eleitoral.

Os Ministros recomendaram que devam ser garantidos os princípios da equidade, equilíbrio e imparcialidade nas disputas eleitorais

“Zebras”

As “zebras” ocorrem pela fragilidade das pesquisas.

Este filme já passou várias vezes.Quem não lembra de 1988, em SP? Maluf liderava as pesquisas de cabo a rabo. Uma desconhecida paraibana, do PT, ousou enfrentá-lo.

Ganhou a eleição da maior Prefeitura do país.

O nome dela, Luíza Erundina.

Quem não lembra de 1992, em Natal?.

O deputado federal Henrique Alves, era tido previamente como “prefeito de Natal”.

Abriram-se as urnas, o eleito foi Aldo Tinôco, um homem capaz, porém sem notoriedade pública.

Quem não lembra de Vilma Faria em 1994, ex-prefeita, elegera o seu sucessor na PMN, bem avaliada nas pesquisas, inegável liderança estadual, disputou o governo do Estado e suportou um obscuro 4º lugar, atrás do vereador Mineiro, que entrara apenas para firmar posição do PT.

Quem não lembra em 2006, quando o senador Garibaldi Alves era tido nas pesquisas como “o governador de férias”.

Terminou derrotado, mesmo tendo atingido quase 80% de preferência nas pesquisas (as mesmas de hoje).

Pesquisas internas

Muitos indagarão: afinal, seria possível regular as pesquisas eleitorais, sem ferir as regras constitucionais da liberdade de informação?  

Em primeiro lugar, as pesquisas deveriam ser permitidas, sem qualquer tipo de regra, para o uso interno dos partidos políticos.

Os partidos teriam o direito de conhecer a tendência da opinião pública.

Todavia, não divulgariam na mídia.

A pesquisa, não ganha a eleição, mas tira as chances de crescimento dos candidatos, sobretudo aqueles que não sejam populistas.

Qualquer tipo de regulamentação, corre o risco de ser rotulada como tentativa de lesão ao princípio constitucional da livre expressão do pensamento.

Porém, é totalmente falso esse argumento.

Restaurar a confiança das pessoas nas pesquisas é meta importante, porque pesquisas públicas e independentes têm papel crítico a desempenhar em uma sociedade democrática

E fornecem contrapeso importante sobre "o que o povo quer".

A resposta definitiva terá que ser do Congresso Nacional.

A democracia brasileira exige esta regulação, o mais rápido possível.

 

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