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Análise: "PSDB: o grande perdedor"

Postado às 06h25 | 22 Nov 2021

Ney Lopes

As manchetes dos jornais nesta manhã de início de semana registram o PSDB em frangalhos e a terceira via seguindo sem rumo.

As prévias do partido fracassaram, por defeito no aplicativo eletrônico, o que levou o bolsonarismo a destacar que são procedentes as suas preocupações em relação ao software da justiça eleitoral.

Alguns ligados ao presidente disseram que “se não são capazes de administrar uma consulta interna, como poderão administrar o país?

A verdade é que o PSDB não conseguiu decidir neste domingo quem vai representar o partido na próxima eleição presidencial.

A sigla, que chegou duas vezes à presidência da República, mostrou-se incapaz de organizar suas próprias prévias.

Nos últimos anos, contrariou suas bandeiras históricas e se alinhou repetidamente ao bolsonarismo e ao Centrão.

A disputa dos pré-candidatos foi congelada, por enquanto, sem data para reabrir o processo.

Estavam aptos a votar 44.700 filiados ao PSDB, incluindo deputados federais e estaduais, senadores, governadores, prefeitos e vereadores.

Mas nem os maiores expoentes como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador licenciado José Serra, conseguiram apontar seus candidatos favoritos.

 A incerteza estende por mais alguns dias o clima fratricida instalado no partido.

Além de tentar reagrupar os tucanos, o vencedor dessas prévias seria o responsável por seduzir os partidos que hoje não querem nem Lula, nem Bolsonaro, no que se chama de terceira via.

Entretanto, consolida-se a tendência de que os três principais partidos do Centrão (PL, PP e Republicanos) sigam com o presidente Jair Bolsonaro.

Pelas últimas pesquisas, nem Dória nem Leite —ambos eleitores de Bolsonaro em 2018— teriam potencial eleitoral no momento.

Nos cenários em que foram apontados como candidatos, tanto o governador paulista quanto o gaúcho chegaram no máximo a 4% dos votos.

O destino do PSDB afeta grande parte do espectro da centro-direita e da direita, passando por PL (que poderá ter Jair Bolsonaro), União Brasil e Podemos (de Sergio Moro).

 A terceira colocação atualmente estaria em um empate técnico de Sérgio Moro e Ciro Gomes, que oscilam com 5% e 8% da preferência eleitoral.

A terceira via é hoje uma estreita rua supercongestionada, agora agravada pelo ocorrido nas prévias tucanas.

Mesmo assim, tudo poderá ainda acontecer.

A única esperança será o senador Rodrigo Pacheco lançar-se definitivamente como candidato e mostrar as suas ideias e propostas.

O PSD dispõe hoje de um articulador político competente, que é Gilberto Kassab.

Na sucessão de Itamar Franco, o candidato FHC surgiu quase de última hora e ganhou no primeiro turno.

Bolsonaro, também lançado sem chances, surpreendeu e venceu a eleição.

Antes das prévias, Doria e Leite anunciavam gestos de união para depois da divulgação do resultado, em tentativa de projetar imagem harmônica.

O fiasco deste domingo, no entanto, aumentou a fissura.

A pane nas prévias não foi só do aplicativo, foi do próprio PSDB e o único beneficiado é Moro, que amplia espaço no campo da terceira via.

Em conclusão, se pode repetir a expressão do jornal GLOBO:

 “Entre uma pane e outra, o grande perdedor de domingo foi o PSDB”.

 

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