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"Cuidar de quem não morreu" - Ney Lopes hoje no jornal "Agora RN"

Postado às 05h14 | 10 Abr 2021

O tema é a liminar do ministro Luis Roberto Barroso (STF), determinando a instalação da CPI da pandemia no Senado.

A comissão investigará as ações e possíveis omissões do governo Bolsonaro, no combate à pandemia.

O presidente do senado Rodrigo Pacheco, com inegável bom senso, alertou para o risco da CPI transformar-se em “palanque eleitoral” e causar prejuízos, no combate a Covid 19.

Para ele, a CPI deveria ser instalada posteriormente, já que os fatos estão sendo apurados pela justiça, MP e a PF.

A frase do senador Rodrigo Pacheco é emblemática: “Como se pretende apurar o passado se não conseguimos defender o nosso presente e o nosso futuro, através de ações concretas? ”.

Não se nega que a decisão do STF é respaldada em jurisprudência anterior, prolatada nas CPIs dos Bingos e do Apagão Aéreo, instaladas contra o governo Lula.

A CPI dos Correios levou à punição de diversos membros da cúpula do PT.

O risco atual, impossível de ser evitado, é a antecipação da discussão eleitoral de 2022, tema absolutamente inapropriado.

Por mais que o governo disponha de argumentos seria uma heresia e inexperiência política afirmar que debate desse tipo numa investigação parlamentar irá favorece-lo.

Ao contrário.

As interrogações levantadas, até sem provas materiais concretas, terminam por levantar dúvidas e fortalecer posições políticas, ideologicamente extremadas e populistas, em desserviço do futuro nacional.

Além do mais, a radicalização do debate, de parte a parte, incendeia o país.

Pessoalmente, conheço bem a tramitação de CPIs.

Fui relator de várias delas no Congresso.

Inegavelmente, contribuem para a democracia, por assegurar o sagrado direito das minorias.

Todavia, trata-se de instituto de natureza política.

Tal característica, assume maior dimensão, se considerada a instalação numa antevéspera de eleições gerais.

A CPI não tem competência para punir os investigados, que cabe ao Poder Judiciário.

Ela investiga e aponta sugestões, em relação ao tema abordado.

De certa forma, a CPI desgasta politicamente o legislador, na medida em que a opinião pública não constata penalidades aplicadas aos presumidos culpados.

A Casa política termina acusada de omissão.

No caso especifico da CPI da pandemia, o momento nacional assemelha-se ao cenário após o terremoto de Lisboa em 1755, quando o rei D. José I foi acusado de omisso e o Marquês de Pombal priorizou cuidar primeiro das vidas humanas e exclamou: “Sepultar os mortos e cuidar dos vivos”.

Ainda há tempo do plenário do STF exercer o juízo de “conveniência” e ponderar que a CPI da pandemia não convém ao interesse público, neste instante desafiador e dramático que atravessa a nação.

A hora é de somar forças e cuidar de quem ainda não morreu no flagelo epidêmico, sem que isso signifique a defesa da impunidade, ou omissão.

Há meios legais de punir os presumidos responsáveis, como demonstram as investigações já em curso na esfera judicial e policial, sem agitar politicamente o país, cujos efeitos inevitavelmente gerarão instabilidade, em prejuízo das urgentes medidas de saúde pública.

Afinal, vencer a Covid19 não pode confundir-se com ações político-eleitorais.

A exigência básica é a demonstração impessoal da solidariedade, característica fundamental do sentimento que expressa o respeito pela dignidade humana.

Números da pesquisa

A pesquisa XP/Ipespe merece reflexão. A maioria (53%) deseja mudar a forma de administrar o Brasil; 28% querem mudar “algumas coisas” e apenas 15% desejam a continuidade.

Imagens – O percentual de 41% tem visão negativa do ex-presidente Lula e 39% têm uma visão positiva. Jair Bolsonaro, 46% têm uma imagem negativa e 33% positiva.

O menor percentual negativo é o do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (24%), A imagem positiva dele fica em 35%.

Centro - A incógnita é se Lula ganhar Bolsonaro no segundo turno, como conclui a pesquisa (42% a 38%).

Será que ele contaria  com o apoio de antigos aliados. Pesquisa do Poder-data, mostra que apenas 12% dos eleitores não querem votar nem um, nem noutro.

Olho aberto

Missão dificílima – Excelente o desempenho do ministro da Saúde Marcelo Queiroga. Equilíbrio, bom senso e diplomacia. Entretanto, precisará ter muita paciência, para manter-se no cargo.

Bombardeio – Quem acusa as medidas sanitárias restritivas no combate a Covid de violação da liberdade do cidadão,  certamente também considera, que os britânicos sofreram violação do seu direito de ir vir, durante o bombardeio a Londres, na II Guerra Mundial,

O mundo hoje está sendo bombardeado pelo vírus implacável.

Jargão – Quem conhece o “centrão” afirma, que os seus integrantes vão ao enterro, choram, mas não entram junto na cova.  

Rumo - A propósito, qual partido o presidente Bolsonaro irá filiar-se? 

Poderá ser o PL, que fez alianças com o PT e indicou duas vezes  José Alencar, vice-presidente de Lula.

Atualmente- Aliado atual de Bolsonaro, o PL emplacou a presidência do BNB e diretoria do FNDE.

Apoiou Artur Lira e elegeu o deputado Marcelo Ramos vice-presidente da Mesa.

Apelo cristão – Papa Francisco apelou para a solidariedade global, no acesso a vacinas, saúde, educação e empregos.

(Texto integral da coluna. No jornal "Agora RN" está publicado resumo)

 

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