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"Eleição de 2022, um “salto no escuro" - Ney Lopes no jornal "Agora RN"

Postado às 06h25 | 17 Jul 2021

A Câmara Federal na reta final para aprovar nova reforma eleitoral.

Nada é feito para realmente mudar o sistema político, eleitoral e partidário.

Apenas, tentativa de  garantir, por antecipação, a reeleição da maioria dos deputados e senadores.

Com o fim das coligações, os pequenos partidos não conseguem montar chapas para eleger 13 ou mais deputados, a única forma de atender a cláusula de barreira, ter acesso à propaganda eleitoral gratuita e ao fundo eleitoral.

Fuga – A consequência tem sido o esvaziamento dos partidos menores e a ditadura dos maiores, que não abrem espaços.

Nem o Presidente Bolsonaro conseguiu romper a barrreira do "Patriotas".

O PCdoB teve os desfalques do governador Maranhão, Flávio Dino e do deputado Orlando Silva (SP), que já se asilaram no PSB.

Estratégias – A maioria dos partidos funciona como “cartórios”, com “donos”.

Antes negociavam financiamentos com o candidato a governador. Agora, não é mais assim pelo impedimento das coligações.

Cada partido terá que montar a sua chapa proporcional, independente da majoritária.

O ideal é que tenha pelo menos um candidato a senador do próprio partido para "puxar" votos com os deputados.

Se não tiver bons nomes, faltará votos.

Será mais um jogo de imagem, credibilidade, experiencia das chapas lançadas, do que poderio de apoios de colégios eleitorais

Alternativa – A alternativa em debate para 2022 é a implantação do “distritão”, no qual se elegem os candidatos a deputado mais votados do estado, independente do partido.

Favorece quem já tem mandato.

O modelo é exótico.

Somente é adotado nas Ilhas Pitcairn, no Pacífico Sul, de 50 mil habitantes; Vanatu  (outra ilha do Pacífico); na Jordânia e no Afeganistão.

Japão - Em 1990, o Japão abandonou o “distritão”, sob alegação de que favorecia a disputa individual, estimulava casos de corrupção e caixa dois.

Além do mais, no distritão não há suplente, o que reduz chance de sobrevivência política.

Mundo -  38% dos países usam o modelo proporcional, o mesmo atual do Brasil.

Outros 39% utilizam o sistema distrital e suas variações.

Perigo - Atualmente, aplica-se a cláusula de barreira (desaparece a sigla) para  2022.

Somente sobreviverão os  partidos que “tiverem elegido pelo menos 11 deputados federais, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação”.

Previsão – Pelo que se vê, a previsão sensata sobre a eleição de 2022 é que será “um salto no escuro”.

Diante das interrogações, um fenômeno político poderá ocorrer, a partir das revelações de autonomia e indepndência do eleitor, ao votar em 2018 e 2020.

O eleitor certamente votará com maior responsabilidade, até pelo temor do futuro, das inevitáveis consequencias dos estragos da pandemia.

Nessa condição, o eleitor "escolherá" nomes de maior conteúdo intelectual, experiência, espírito público, "ficha limpa" e capacidade de inovar os metódos políticos.

Isso se torna possível, já que não existirão "coligações proporcionais" e ganharão os mais votados no Estado.

Em resumo: a  luta será "cada um por si e Deus por todos"!

Com base  no lema "deixa o povo votar", tudo poderá acontecer e "muitos " pseudos donos de votos e colégios eleitorais amargarão rejeições nas urnas livres.

Deus queira que assim seja.

Caso os eleitos não correspondam, no todo ou em parte, virão as próximas eleições, e o processo de depuração continuará, por meio do "voto consciente".

Na democracias é assim.

Somente a periodicidade das eleições e a liberdade do voto serão capazes de criar instituições sólidas e governabilidade estável.

Olho aberto

Manobra - A oposição aproveitou o dia de ontem, 16, sexta feira, para uma tentativa de manobra, visando arquivar a proposta apoiada pelo governo do voto impresso.

Para isso convocou-se a Comissão Especial que aprecia a matéria.

A sessão foi tumultuada, marcada por alegações de falhas tecnológicas no sistema de votação remota e bate-boca entre deputados.

Por fim, o relator pediu prazo para concluir o relatório, o que é regimental,

O presidente do colegiado, Paulo Eduardo Martins (PSC-PR) concedeu e afirmou que o parecer será apreciado no dia 5 de agosto, com a volta dos trabalhos no Legislativo federal.

Bagatela – A lei orçamentária de 2022, mais que dobrou a verba do fundo eleitoral para R$ 5,7 bilhões, ante os R$ 2 bilhões de 2020, quando foram eleitos prefeitos e vereadores.

Dinheiro – Os bilhões chegam aos partidos, através dos fundos partidário (destinado à manutenção das siglas, como custo de aluguéis e pessoal) e o eleitoral (para o financiamento de campanhas).

Livro - Está sendo lançado livro nos Estados Unidos ("Só Eu Posso Consertar"), no qual jornalistas do Washington Post contam a forte determinação do chefe do Estado Maior, general Mark Milley,  na reação ao presidente Trump, que pretendeu usar os militares para ficar no cargo, sob alegação de fraude eleitoral.

Vários oficiais planejaram renunciar para não cumprir ordens ilegais.

Exemplo - O general Mark Milley, o oficial militar de mais alta patente dos EUA, se colocou como um dos últimos defensores da democracia, durante alguns dos dias mais sombrios da história recente do país, sob o comando de Trump.

Que belo exemplo!

Moro - O grupo de empresários e médicos, que tenta lançar Moro à presidência organiza evento para outubro em Curitiba, quando acreditam que o ex-ministro tomará a decisão de ser ou não candidato.

Lula e Cuba – Alas moderadas do PT torcem para Lula não falar mais a favor de Cuba, culpando o embargo americano pela crise.

Atrapalha atrair o eleitorado de centro.

 

 

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