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Grupo bolsonarista tenta tirar Amoêdo do comando do Novo

Postado às 07h49 | 25 Out 2020

Globo

Uma ala bolsonarista dentro do Partido Novo se movimenta para tentartirar João Amoêdo da direção da legenda, que há tempos vem sofrendo abalos internos. Desde a eleição presidencial, o partido vem se “bolsonarizando” — o que incomoda Amoêdo, fundador e ex-presidente da sigla, além de seus aliados. Já existe, inclusive, um movimento para substituí-lo pelo governador Romeu Zema (MG), mais alinhado ao presidente Jair Bolsonaro.

As eleições municipais são vistas internamente como definidoras da bússola que o Novo deve seguir a partir de 2021. Se a ala bolsonarista eleger mais vereadores, a guinada será mais à direita e deve fortalecer Zema como o próximo presidenciável. O contrário beneficia Amôedo.

Mas o ex-presidente do Novo vem se isolando em seu próprio partido. No começo do ano, após Sergio Moro acusar Bolsonaro de interferência na Polícia Federal, Amoêdo defendeu a renúncia ou o impeachment do presidentee desagradou a alguns quadros.

As queixas se devem ao fato de que ele, que concorreu à presidência da República em 2018 e hoje não exerce mais funções administrativas na legenda, não quer “largar o osso”, segundo avaliação do grupo mais alinhado aos ideais de Bolsonaro.

Um integrante do partido, que pediu anonimato, afirmou que há insatisfação porque Amoêdo “não deixa os outros opinarem sobre nada nas redes sociais” e “criou um partido” para ele, sem ter a disposição de “tirá-lo das asas”.

Ao GLOBO, Amoêdo disse concordar que as eleições municipais podem mudar o rumo do Novo. Mas se disse confiante de que os diretórios vão saber manter o “DNA liberal” do partido. Ele criticou uma eventual candidatura de Zema à Presidência em 2022.

— Nesse caso, você não poderia, por exemplo, colocar o Zema como opositor ao Bolsonaro (em 2022), já que ele entende que o presidente está fazendo um bom governo. Para mim, seria incoerente — diz Amoêdo.

expulsão de Filipe Sabará, candidato à prefeitura de São Paulo, anteontem, voltou a chamar a atenção para as disputas internas.

Após ter defendido Bolsonaro e até o ex-prefeito Paulo Maluf, condenado por corrupção, Sabará foi expulso por unanimidade em processo na comissão de ética da sigla que apurou inconsistências em seu currículo. Mas correligionários afirmam que a legenda não se livraria dele se tivesse mantido uma postura mais alinhada ao partido.

O Novo também quis se livrar de um candidato a vereador em São Paulo, Marcelo Castro, depois que ele defendeu a descriminalização do tráfico de drogas. Apesar de dizer que permite o livre posicionamento, o partido virou alvo de críticas e preferiu suspender a filiação de Castro.

A bancada do Novo no Congresso Nacional simboliza essa força conservadora em ascensão. Os deputados votam com grande alinhamento ao governo. Marcel Van Hattem (RS) foi ao Twitter essa semana para criticar a opinião de Amoêdo favorável à obrigatoriedade da vacinação contra a Covid-19.

 

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