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"O nascer de um mundo novo" - Ney Lopes hoje no jornal "Tribuna do Norte"

Postado às 05h03 | 30 Dez 2020

Sexta próxima começa novo ano.

É o “Dia da confraternização universal”.

A comemoração ocorre no mundo, em datas diferentes.

Os chineses, que seguem o calendário lunar, festejam entre fevereiro e março, sendo cada ano dedicado a um dos 12 animais escolhidos por Buda, que são o rato, boi, tigre, coelho, dragão, cobra, cavalo, cabra, macaco, galo, cachorro e porco. 2021 será o “ano do boi”.

Na Tailândia, os dias 13 a 15 de abril marcarão a “virada” do ano. O tradicional ‘festival da água” foi cancelado, para conter a pandemia. As estátuas de Buda não serão lavadas com pétalas de rosa e jasmim, nem as multidões lotarão as ruas com canhões de água e mangueiras disparados de caminhões.

No Brasil, celebra-se no dia 1º de janeiro, pela adoção do calendário gregoriano.  Não se pode falar em ano novo, sem lembrar a tragédia causada pelo vírus implacável. 

O anseio geral é que 2021 venha sem máscaras, sem isolamentos sociais, sem o risco dos entes queridos continuarem a morrer, sem poderem respirar pela falta do ar dado por Deus e sem direito a velório.

A confiança é que estejam próximos o recomeço, a reconstrução, o surgimento de novo ciclo de vida, com mudanças estáveis e a garantia da realização do “sonho” de cada um, que Borges lembrou como sendo a única coisa eterna nas aspirações humanas.

Essa “eternidade” levou Fernando Pessoa a medir o homem pelo tamanho do seu sonho.

A propósito de “sonho”, na passagem do ano recordarei, na mente tingida pelas tintas da perseverança e obstinação, os momentos e etapas já percorridas.

Vem à memória o primeiro “sonho de vida”. Em 1958, com treze anos de idade, comecei a sonhar em ingressar na política, um dia. Fugia de casa para vibrar nos comícios dos candidatos à época Eider Varela, Tarcísio Maia, Aluízio Alves, Dix-Huit Rosado, que falavam nas ruas do Alecrim, de esquina em esquina, no chamado “amigo em cada rua”.

A vocação política fervilhava, intensamente, mesmo ouvindo do meu pai, homem simples e humilde, o conselho de que a política era “um clube fechado” e jamais “teria vez”.

Insisti e lutei.

Abri espaços.

Por fim, o “sonho” concretizou-se, pelo exercício de vários mandatos públicos, dádivas do povo potiguar.  Repito sempre, que esse sucesso foi a prova de que Deus existe, diante da inveja, injustiças e obstáculos enfrentados.  Mantive acesa a chama do “sonho”.

Como político, fiz o que pude para honrar a confiança recebida.

Neste contexto de recordações, aproxima-se o novo ano, trazendo consigo o fantasma da pandemia. Todos fazem a mesma pergunta: o que esperar de 2021? As esperanças se concentram numa única palavra: vacina.

Mesmo com os avanços das pesquisas, ainda se vive entre muita incerteza. Até quando veremos as “filas” da fome e a angustia por um auxílio emergencial, nas periferias, favelas e áreas rurais?

A única certeza é que “o mundo nunca mais será o mesmo”. As nações tenderão à reorganização interna, com protagonismo de um tipo de estado voltado para as funções sociais. 

Infelizmente, em nosso país, a crise sanitária da pandemia transformou-se em conflitos políticos sucessivos, que fragilizaram a saúde pública. Generalizaram-se os confrontos entre a presidência da república, governadores e prefeitos.

Instalou-se o descontrole no combate ao vírus mortal.

A tensão chegou ao ponto, de uma colaboradora do ministro Paulo Guedes, Solange Vieira, chefe da Superintendência de Seguros Privados, afirmar, segundo relato do epidemiologista Júlio Croda, presente à reunião, que “a morte de idosos melhorará o nosso desempenho econômico, pois reduzirá o déficit previdenciário”.

Neste contexto indecifrável, a alternativa é cultivar o otimismo e lembrar Winston Churchill, que considerava o pessimismo, a maior limitação humana. Deus nos livre do “sabor da desgraça, do rancor, da raiva”, como advertiu Sancho Pança.

O coronavírus trouxe pontos positivos.

Por exemplo, abriu os olhos para a necessidade de priorizar a pesquisa cientifica, como forma de prevenir surtos epidêmicos futuros.

Não há dúvida, de que nasce um “mundo novo” e com ele a esperança de que se realize a previsão de Anne Frank, vítima do Holocausto, quando escreveu: “maravilhoso é imaginar que os melhores dias de nossas vidas ainda não aconteceram”.

Aos internautas, Feliz 2021!

 

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