Notícias

Opinião: "Brasil faz o que pode na Amazônia"

Postado às 06h29 | 13 Jun 2022

Ney Lopes

Por justiça algumas observações devem ser feitas em relação ao desaparecimento na Amazonia, até agora, do indigenista Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Philips.

Desde o conhecimento do fato, o Comando Militar da Amazônia e órgãos oficiais tomaram providencias na busca.

A opinião pública precisa ter conhecimento da realidade e dificuldades existentes na região do Vale do Javari, dificultando os trabalhos. 

Essa área é um misto de garimpo e atividades clandestinas, sendo alvo de disputa entre facções de narcotraficantes, por ser estratégica para escoamento de armas e drogas produzidas no Peru e na Colômbia e que abastecem o mercado europeu.

As facções mais presentes são o Comando Vermelho (CV), originário do Rio de Janeiro e a Família do Norte, criado na periferia e nas cadeias de Manaus, que teve o controle da chamada Rota do Solimões por alguns anos.

Tais facções têm conexão com outros agentes transnacionais do crime, inclusive os guerrilheiros colombianos das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

Além dessas três facções, atuam na área o bando local “Os Crias”, formado a partir de 2019, por alianças entre criminosos que estavam antes ligados às maiores organizações.

A presença de “Os Crias” na fronteira foi catalogada pela publicação Cartografias de Violências na Região Amazônica.

O documento também indica que, do lado colombiano, a organização de narcotraficantes Caqueteños tem o maior controle no Amazonas.

A área em que Pereira e Phillips desapareceram fica próxima à tríplice fronteira (Brasil, Peru e Colômbia).

Os mesmos rios e igarapés onde as buscas são feitas servem aos traficantes como forma de escape. As organizações trabalham no extrativismo, com madeira e garimpo.

As investigações prosseguem com determinação e empenho das Forças Armadas e da Polícia Federal, além de órgãos ambientais.

Não é descartada nenhuma hipótese do paradeiro de Pereira e Phillips.

As principais hipóteses são que ambos estejam em local isolado, provavelmente com indígenas; que tenham sofrido algum acidente; ou que tenham sido emboscados e mortos por marginais. As ações militares se realizam em conjunto com os indígenas.

No último sábado foi encontrada uma mochila. Nessa mochila, tinha notebook, todos os pertences, meias, camisas, bermudas.

Além da mochila, as equipes de busca encontraram uma lona semelhante à que estava na embarcação usada pelos desaparecidos.

São indícios que surgem.

Neste contexto é injusto que o governo brasileiro seja responsabilizado pela lamentável ocorrência. 

A região geográfica da ocorrência é de dificílimo acesso e com características da presença do crime organizado. As providencias estão em curso.

O Brasil tem feito o que pode, em situação tão constrangedora.

Deus queira que todos sejam encontrados com vida.

 

 

Deixe sua Opinião