Postado às 08h47 | 15 Mai 2020
Ney Lopes
O que significa SOS? É o código universal de socorro, quando alguém está em situação de perigo e necessita de auxílio rápido. A hora é de pedir SOS para o Brasil. Chegamos ao “fundo do poço”.
Senão vejamos.
Pela manhã desta quinta, 14, Bolsonaro declarou “vamos conversar” com governadores e prefeitos. Nesse espaço, elogiamos a atitude do presidente. Porém, a tarde ele fez exatamente o contrário.
Seguindo a orientação do “czar” Paulo Guedes (que sempre foi contra o isolamento, apenas “mascarava” sua posição) aliou-se publicamente ao "andar de cima" e sem ouvir ninguém disse: “se depender de mim o isolamento está suspenso, salvo para grupos de risco”. Foi mais adiante: "É guerra, tem de jogar pesado com governadores".
Esqueceu de falar em Plano para combater a pandemia, que era seu dever. Usou exclusivamente retórica política, de quem deseja reeleger-se.
Como se não bastasse, nesta quinta14, o vice general Mourão saiu do “equilíbrio aparente” em que se encontrava, concedeu entrevista ao “Estado”. Voltou a interpretar, ao seu modo, o artigo 142 da Constituição, aliás o que defende desde 2017.
Segundo Mourão, o dispositivo autoriza a intervenção militar, quando os poderes deixem de funcionar, a juízo das próprias armadas. Ele induziu que a imprensa, legislativo e o judiciário no Brasil não cumprem o seu papel. Correto está apenas o executivo, mesmo com os notórios conflitos entre ministros.
Diz o ditado popular: “para bom entendedor, meia palavre basta”.
Enquanto isso, o ministro da saúde é acuado pelo presidente, que sem ser médico ou pesquisador, impõe que ele recomende o uso da “cloroquina”.
Todos desejamos que o “isolamento” seja flexibilizado, porque UTI quem tem ao dispor são os mais ricos. Os mais pobres, não têm e precisam trabalhar para levar o “pão” para a família.
Porém, a questão não é da forma desarrazoada e política como defende Bolsonaro.
O editorial de hoje do Estado analisa citação do presidente a Napoleão Bonaparte, usada para alimentar polêmica com a “esquerda”.
Conclui o jornal conservador: “presidente Bolsonaro deveria buscar outra frase do general francês, aquela que diz que “o verdadeiro líder é um mercador de esperanças”. Algo praticamente impossível para um presidente cuja vocação é frustrá-las”.