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Opinião: "Eleição na Argentina é esperar para ver"

Postado às 06h02 | 08 Nov 2023

Ney Lopes

O segundo turno da eleição na Argentina continua sem previsões.

Será uma eleição definidora na história argentina, que vai do deserto de Salta, onde a pobreza e o descaso do governo são realidade há décadas, até o sul da Patagônia, governado com mão de ferro pela família Kirchner há 30 anos.

As pesquisas oscilam com margens pequenas de vantagens para Massa e Milei, candidatos de esquerda e direita, respectivamente.

A questão eleitoral em debate pelos analistas é se o resultado do próximo 19 de novembro mostrará maior peso da província de Buenos Aires, contra os votos de Córdoba, a segunda cidade mais populosa do país e capital da província de mesmo nome.

Tradicionalmente, os votos de Buenos Aires são do kirchnerismo (37,04% da votação nacional).

No primeiro turno Massa venceu com 42,87%.

Já Córdoba em 2015 deu a Macri 70% dos votos.

Foram votos fundamentais para o seu triunfo.

Macri governou a Argentina de 2015 até 2019.

Atualmente apoia Milei.

Javier Milei amplia sua leve vantagem e aparece com 51,8% dos votos contra 48,2% do ministro Massa, da Economia.

Os dois continuam empatados na margem de erro, mas a diferença já foi menor

Massa lidera com folga na Província de Buenos Aires, onde está concentrada a maior parte do eleitorado argentino.

Milei , por outro lado, é favorito em todas as demais regiões do país.

Há um fato que preocupa Massa.

A província de Buenos Aires não elegerá prefeito.

Em consequência a mobilização de eleitores será menor, prejudicando Massa.

No primeiro turno isto não ocorreu.

Ou seja, agora o voto será mais livre.

A propósito de primeiro turno, influíram a favor de Massa a fragmentação da direita, o voto consolidado do peronismo unido, o temor que o fenômeno Milei desperta em parte do eleitorado, o peso da máquina pública com a distribuição de benesses e subsídios.

Já neste segundo turno, Massa tem a difícil missão de disputar a presidência como candidato de continuidade do governo que vai entregar o país com a inflação anual de 140%, com falta de gasolina e diesel.

As pesquisas demonstram, que no momento em que a campanha fica mais acirrada, a base dos candidatos se aproxima e cada um deles tem algo em torno de 30% de eleitores convictos.

Porém, o teto de Javier Milei sobe mais que o de Sergio Massa.

Ou seja, o número de argentinos que considera a possibilidade de votar nele é maior hoje do que era em outubro.

Milei recebeu o apoio de Patricia Bullrich, a ex-ministra de Mauricio Macri, que terminou em terceiro lugar.

Os mais de 6 milhões de eleitores de Bullrich, que representam 23% dos votos, são considerados decisivos para a corrida à Casa Rosada.

Com uma inflação alta, a Argentina aumenta subsídios sociais e congela preços para tentar diminuir o impacto econômico na sociedade.

O país subsidia 79% da energia, tem subsídios no transporte público e em outros setores.

Os planos de Milei também não estão isentos de riscos.

A dolarização da economia, por exemplo, levaria ao fim da autonomia da Argentina no comando da macroeconomia, e pode deixar o país em uma situação ainda pior no futuro.

Ou seja, o país perde a capacidade de desvalorizar a moeda ou emitir dívida pública, o que em alguns casos é necessário, dentro de determinadas condições econômicas.

 O fim de semana de 19 de novembro é um fim de semana prolongado na Argentina, quando as pessoas poderão viajar.

Esse um terço que já se sente distante do processo porque não se vê representado por nenhum candidato, poderá ter uma desculpa para não votar.

E aqui vale a mesma hipótese: quanto menor a participação, mais chance tem Sergio Massa e vice-versa.

É esperar para ver!

 

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