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Opinião: "Honra ao mérito: Doutora Angelita Gama"

Postado às 06h28 | 08 Abr 2022

Ney Lopes

Faço o registro deste artigo com aplauso e reconhecimento a médica brasileira doutora Angelita Gama, 89, de quem eu e minha esposa somos clientes há anos.

Ela acaba de ser reconhecida pela Universidade Stanford (EUA) como uma das profissionais que mais contribuíram para o desenvolvimento da ciência no mundo.

A articulista da “Folha” Cláudia Colucci refere, que a “PubMed”, plataforma de citações e resumos de artigos de investigação em biomedicina, da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, incluiu Dra. Angelita entre os 2% de cientistas mais citados em diversas disciplinas. 

O relatório foi preparado por uma equipe de especialistas liderada por John Ioannidis, professor de Stanford, USA.

Nascida na Ilha de Marajó (PA) ingressou na USP aos 19 anos (1952) e já recebeu mais de 50 prêmios científicos, inclusive honraria em Zurique, na Suíça, por ser a primeira especialista latino-americana e a primeira mulher a ganhar o título de membro honorário da Associação Europeia de Cirurgia pela carreira médica, prêmio só dado até hoje a 17 médicos no mundo.

Casada com o conceituado cirurgião Dr. Joaquim Gama, não tem filhos.

É reconhecida mundialmente em coloproctologia, especialidade que cuida das doenças do intestino grosso, do reto e ânus.

Foi a responsável por tornar a coloproctologia uma disciplina própria, em vez de deixá-la como uma subespecialização das cirurgias do aparelho digestivo.

Uma característica de Dra. Angelita é o otimismo que contagia o cliente e a dedicação em exercer a sua profissão.

Fiz uma cirurgia com ela e já nas primeiras horas da manhã estava ao meu lado no hospital, dando assistência.

O mesmo aconteceu com minha esposa, operada de urgência (diverticulite).

Há dois anos, Dra. Angelita esteve entre a vida e a morte, acometida de Covid-19, passando 50 dias no Hospital Osvaldo Cruz, em SP. Sobre o período de convalescença da Covid19, afirma que foi uma "experiência boa"  passar por uma quase morte, porque aprendeu a valorizar ainda mais a vida.

O escritor Ignácio de Loyola Brandão lançou a biografia da consagrada médica, na qual ela menciona as inúmeras dificuldades que teve para tornar-se uma cirurgiã, ainda hoje como pouquíssimas mulheres.

Confessa que ao decidir-se pela cirurgia,  o chefe da residência disse que era melhor ela ir para a área clínica, que a especialidade cirurgica era só para homens 

Na entrevista concedida a Cláudia Colucci declarou que após “conseguir uma bolsa para estagiar em um hospital de Londres especializado em cirurgias colorretais, foi barrada inicialmente sob o argumento de que a instituição só aceitava homens.

"Fui a primeira mulher a estagiar lá.".

Dra. Angelita continua clinicando e operando diariamente.

Indagada porquê nunca diz a sua idade respondeu: “quando perguntam, digo: não sei, é desconhecida. Não sei mesmo. Porque o tempo passou e não senti. Posso operar o dia inteiro e ser capaz de à noite ir ao cinema, ao restaurante, a uma festa e, mesmo, dançar”.

Honra ao mérito!

 

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