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Opinião: Discurso de Milei no "pontapé inicial" do governo

Postado às 05h23 | 11 Dez 2023

Ney Lopes

Na política argentina são conhecidos comportamentos extravagantes da ex-presidente Cristina Kirchner, além de acusações de corrupção e associação criminosa.

Na posse de Javier Milei ela protagonizou cena deprimente.

Chegando no Congresso da Nação , fez o gesto obsceno de “estirar o dedo” para o povo, ao ser vaiada.

Milei tornou-se ontem, 10, o presidente da Argentina na data comemorativa dos 40 anos do fim da última ditadura militar, iniciada em 1976 e encerrada com a posse do presidente Raúl Alfonsín, em 10 de dezembro de 1983.

O ex-presidente Bolsonaro esteve presente e durante a solenidade ficou no mesmo patamar de líderes em exercício como Luis Lacalle Pou (Uruguai), Gabriel Boric (Chile) e Volodmir Zelenski (Ucrânia).

Milei assumiu a presidencia argentina diante da indagação sobre qual versão ele governará: : o cruzado empunhando uma motosserra e anti-establishment da campanha ou o presidente eleito mais moderado que surgiu nas últimas semanas.

A moderação de Milei pode derivar do pragmatismo, diante do imenso desafio à sua frente, a sua inexperiência política e necessidade de costurar alianças com outros partidos para implementar sua agenda no Congresso, onde seu partido é um terço distante em número de assentos ocupados.

O discurso inaugural de Milei não foi tão edificante como se esperava, com o anuncio das suas medidas inicias.

Em vez disso, ele apresentou números para expor a “emergência” econômica do país e procurou preparar o público para um ajuste de choque com cortes drásticos nos gastos públicos.

Disse claramente que não desejaria tomar as decisões difíceis que serão anunciadas, mas não há outra opção, diante do caos do país.

Completou: “Não temos alternativas e não temos tempo. Não temos margem para discussões estéreis. Nosso país exige ação e ação imediata”.

Alguns pontos demonstram a moderação do novo presidente: enviou um diplomata para observar a Conferencia do Clima em Dubai, no seu final, apesar de ter rejeitado insistentemente o envolvimento da humanidade no aquecimento global.

Recuou nos planos para extinguir o Ministério da Saúde da nação.

Dirigiu –se a a classe política, dizendo que não tem intenção de "perseguir ninguém ou resolver velhas vinganças", e que qualquer político ou líder sindical que queira apoiar seu projeto será "recebido de braços abertos".

Entretanto, é provável que ele encontre uma feroz oposição dos legisladores do movimento peronista e dos sindicatos que controla, cujos membros disseram que se recusam a perder salários.

Há sinais de que Milei não desistiu de seus planos radicais para desmantelar o Estado.

Extinguiu de saída nove  ministérios, incluindo os da cultura, meio ambiente, mulheres e ciência e tecnologia.

Quer unificar os ministérios do desenvolvimento social, trabalho e educação juntos, sob a denominação  de capital humano.

Prometeu que o ajuste afetaria quase inteiramente o Estado em vez do setor privado, e que representava o primeiro passo para recuperar a prosperidade.

A seguir enunciou estatísticas sobre a situação de crise da Argentina, a inflação anual de 143%, a moeda despencou e quatro em cada 10 argentinos estão empobrecidos.

O país tem um déficit fiscal, um déficit comercial de US $ 43 bilhões, além de uma dívida assustadora de US $ 45 bilhões para o Fundo Monetário Internacional, com US $ 10,6 bilhões devido aos credores multilaterais e privados até abril.

Destacou que nos últimos 12 anos, o PIB per capita caiu 15% em um contexto em que acumulou 5.000% de inflação.

Foi enfático: “Não será fácil; 100 anos de fracasso não são desfeitos em um dia. Mas começa em um dia, e hoje é esse dia.”

O jornal Clarín vazou algumas das medidas de austeridade projetadas por Milei para conter a inflação, que incluiriam a proibição do Banco Central de emitir e financiar o Tesouro, a redução dos subsídios aos serviços públicos e o congelamento total dos gastos do Estado, incluindo salários de funcionários, entre outros.

A expectativa que o novo governo está gerando é muito grande.

O pontapé inicial foi dado com a posse, o discurso e a presença popular cofiannte.

As ações práticas e objetivas começarão hoje, 11.

Vamos aguardar!

 

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