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Opinião: "ONU de mãos atadas"

Postado às 06h18 | 28 Abr 2022

Ney Lopes

Antônio Guterres, Secretário Geral da ONU, saiu do encontro ontem, 27, com o presidente russo Vladimir Putin admitindo que a guerra na Ucrânia continuará até que a Rússia decida encerrá-la.

Guterres declarou que a “A guerra não terminará com reuniões.

A guerra terminará quando a Federação Russa decidir encerrá-la e quando houver – após um cessar-fogo – a possibilidade de um acordo político sério. Podemos ter todas as reuniões, mas não é isso que vai acabar com a guerra”.

A ONU foi criada para constituir um fórum onde os representantes dos países se encontrassem e debatessem as questões que os dividiam, evitando o recurso à violência.

Foi esta a ideia que levou à criação da ONU.

Durante 80 anos funcionou. Mas na primeira vez em que os seus poderes foram verdadeiramente testados, com a invasão russa a Ucrânia, a ONU falhou.

Quais as razões?

Repita-se:   os estatutos da organização conferem aos três países potencialmente mais imperialistas – os Estados Unidos, a China e a Rússia – o direito de veto, qualquer que seja a matéria discutida..

Esses países podem desencadear uma ação militar contra outro, por mais brutal que seja, sem receio de ter de enfrentar uma condenação ou uma interposição da ONU.

Foi com essa segurança que a Rússia invadiu a Ucrânia.

Em tais condições é delicada a posição do secretário geral Antônio Guterres.

Como figura máxima da ONU, ele representa a vontade da organização – e, portanto, também, o ponto de vista da Rússia. A ONU foi criada em 1945 com o objetivo de precaver novas guerras.

A ideia era constituir um fórum onde os representantes dos países se encontrassem e debatessem as questões que os dividiam, evitando a violência.

Um lugar onde a diplomacia dissuadisse o uso da força.

Todavia, na primeira vez em que os seus poderes foram verdadeiramente testados, no caso da Ucrânia, a ONU falhou de forma estrondosa.

Falhou porque está amarrada internamente.

Os seus estatutos conferem aos três países mais imperialistas – os Estados Unidos, a China e a Rússia -  o direito de veto, podendo bloquear todas as resoluções.

Qualquer desses países poderá desencadear uma ação militar contra outro, por mais brutal que seja, sem receio de ter de enfrentar uma condenação da ONU. 

Infelizmente, António Guterres prega no deserto.

Como figura máxima da ONU, ele representa a vontade da organização – e, portanto, também, o ponto de vista da Rússia.

Nesta guerra, a ONU está sendo humilhada.

O direito de veto das principais potências retira-lhe qualquer capacidade para garantir a paz

É realmente desesperador o mundo assistir à devastação de um país e não haver nenhuma organização com poder para impor e fazer cumprir a lei.

A ONU está literalmente de mãos atadas.

Para onde caminha a humanidade?

 

 

 

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