Postado às 16h56 | 16 Set 2024
Ney Lopes
Diz o ditado popular: “quando vires as barbas do teu vizinho arder, bota as tuas de molho”. O México avançou mais que o Brasil e já aprovou recentemente reforma do poder judiciário, considerada a mais profunda do setor nos últimos 30 anos.
Tudo justifica que o Brasil, por cautela, “ponha a sua barba de molho” para não cometer graves erros no futuro. A reforma mexicana recebeu duras críticas da oposição e de organizações especializadas. Foi votada em meio a uma greve inédita, por tempo indeterminado, de milhares de juízes e funcionários do Poder Judiciário
“Pacientes tratam a doença”
As mudanças são parte fundamental do legado do presidente Andrés Manuel López Obrador, do partido comunista. Ele acolhe teses populistas na composição do judiciário e “encanta” as massas desavisadas. Cada cidadão se transforma em “juiz” e defende mudanças, desde o fechamento das Cortes Supremas até critérios absurdos para indicações de juízes etc. Todos têm uma solução mágica no “bolso” para o que consideram injustiças da justiça. É como se num hospital, os próprios pacientes cuidassem do tratamento da doença.
Cada cidadão, um juiz
A dificuldade no debate de uma reforma desse tipo é que cada cidadão se transforma em “juiz” e pontifica “teses”, desde o fechamento das Cortes Supremas até critérios populistas para indicações de magistrados etc. Todos têm uma solução mágica no “bolso” para o que consideram injustiças da justiça. É como se num hospital, os pacientes cuidassem do tratamento da doença.
Errar por último
Impõe-se deixar claro que o judiciário não é infalível. A propósito, há uma célebre frase de Rui Barbosa, em debate com o Senador Pinheiro Machado, que se insurgia contra uma decisão do STF. “Rui interveio e definiu com precisão o poder da Suprema Corte em matéria constitucional”.
Afirmou Rui: “Em todas as organizações, políticas ou judiciais, há sempre uma autoridade extrema para errar em último lugar. O Supremo Tribunal Federal, não sendo infalível, pode errar. Mas a alguém deve ficar o direito de errar por último, a alguém deve ficar o direito de decidir por último, de dizer alguma coisa que deva ser considerada como erro ou como verdade”.
Voto direto
O ponto mais polêmico da reforma mexicana é a eleição, por voto popular, dos quase 2 mil juízes e magistrados do Judiciário federal, a partir de 2025. O país é primeiro do mundo a implementar voto direto para escolha de magistrados. Aí estaria o perigo da politização da justiça. Existirão reflexos na economia. Os investidores não se arriscarão, diante de juízes sem nenhuma presunção de imparcialidade. Como parceiro do Brasil será bom que o México revise essa reforma para continuar sendo um marco de crescimento e desenvolvimento nas Américas. Mesmo com falhas e imperfeições, a Corte Suprema tem o privilégio de errar por último.
1894 — A Confeitaria Colombo é inaugurada no Rio de Janeiro.
1934 — A União Soviética passa a fazer parte da Sociedade das Nações.
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