Notícias

Opinião: violência assume lugar do diálogo na política

Postado às 06h58 | 16 Set 2024

Ney Lopes

Lamentável a agressão ocorrida neste domingo em meio ao debate da TV Cultura de SP.

Após uma sequência de discussões, o candidato do PRTB Pablo Marçal provocou o apresentador José Luiz Datena ao acusá-lo de assédio sexual.

O jornalista respondeu que o caso não foi confirmado pela polícia e acabou sendo arquivado pela Justiça.

Disse ainda que o fato atingiu sua família e levou à morte de sua sogra. Em seguida, agrediu Marçal com uma “cadeirada”.

Em consequência, Datena foi expulso do debate e Marçal seguiu para o hospital, onde foi atendido, com fraturas nas costelas.

Em redes sociais, Marçal comparou o episódio aos atentados sofridos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018 e por Donald Trump, na atual disputa pela Presidência do Estados Unidos.

A propósito, ontem, 15, repetiu-se nos Estados Unidos atentado contra o candidato Donald Trump.

Por volta das 13h30 a polícia foi alertada após disparos de tiros.

Um membro da proteção do ex-presidente, que participou da “bolha” formada em torno dele durante suas viagens, foi o responsável por fiscalizar o próximo buraco do percurso, antes que o bilionário aparecesse.

Ele viu através do portão o cano de uma arma empunhada por um homem, no meio do mato. O policial abriu fogo, fazendo com que o suspeito fugisse.

O suposto atirador chegou a uma distância de 450 metros do ex-presidente e estava munido com um rifle AK-47 e uma câmera para registrar o crime, segundo a polícia, que o deteve.

Cenas degradantes, que revelam o elevado índice de violência política no mundo.

Exacerbadas pela polarização da vida política, as ameaças, a intimidação e a violência aumentaram nos últimos anos

Repetem-se casos semelhantes. A causa comum a todos atentados é sempre a linguagem agressiva, que fere a honra das pessoas.

Na maioria das vezes, os atos sem controle vão além da linguagem e atingem pessoas, levando-as até a morte.

Desde a fundação dos Estados Unidos, quatro presidentes foram assassinados.

Além de John Kennedy, são Abraham Lincoln, no final da Guerra Civil em 1865, depois James A. Garfield, em 1881, e William McKinley, em 1901, numa época de divisões extremas entre progressistas, radicais e conservadores, comparável aos antagonismos atuais.

Seis outros presidentes foram alvo de tentativas de assassinato: Andrew Jackson em 1835, Theodore Roosevelt em 1912, Franklin D. Roosevelt em 1933, Harry S. Truman em 1950, Gerald Ford em 1975 e Ronald Reagan em 1981

O episódio no debate paulista pode levar a saída de Datena da disputa, embora ele desminta no primeiro momento.

Caso isto ocorra, o grande beneficiário será o prefeito Nunes, cujo perfil se assemelha a Datena.

Nos EEUU, Trump continua sua escalada e não há como renunciar.

Ninguém se engane, a disputa com Kamala é duríssima.

Difícil indicar quem será o vitorioso, ainda.

A política é o meio do diálogo construtivo e civilizado. Nunca palco de barbaridades e ofensas

O que se espera é que a democracia se transforme em instrumento de coesão social e nunca em meio de separação e autodestruição das pessoas.

A liberdade é para ser usada no debate de ideias, nunca no confronto de agressões físicas.

Jamais, a violência poderá assumir o lugar do diálogo nas disputas políticas.

 

 

Deixe sua Opinião