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Opinião: "Papa Francisco ouve a comunidade católica"

Postado às 07h08 | 10 Out 2021

Ney Lopes

Como católico, acredito na divindade e transcendência da Igreja.

Nenhuma instituição humana sobreviveu a tantos golpes, perseguições, martírios e massacres.

Neste final de semana, a liderança divina do Papa Francisco dá exemplo de coragem, ao enfrentar com palavras e gestos concretos, a onda obscurantista e ultraconservadora, que tenta influir no futuro da Igreja, exigindo que o Papa “reme contra a maré”.

O Pontífice abre hoje o maior movimento de consulta democrática da história da Igreja Católica, uma religião que, ao longo dos séculos, se tornou símbolo de hierarquia rígida.

Nos próximos dois anos, Francisco quer que a imensa maioria dos católicos seja ouvida sobre os desafios e perspectivas da Igreja.

O  cristianismo aglutina cerca de 2.3 bilhões de adeptos, dividido nos ramos católicos, ortodoxos e evangélicos.  É a maior religião global. Uma em cada três pessoas são cristãs.

A consulta de Francisco conta com apoios de comunidades locais, em uma primeira fase e assembleias regionais.

Por fim, será realizado o Sínodo dos Bispos, marcado para 2023 no Vaticano.

Temas que vêm sendo trazidos à tona mais recentemente, como maior participação feminina na tomada de decisões da Igreja e mais acolhimento a grupos ainda marginalizados pelo catolicismo tradicional — de homossexuais a divorciados em segunda união —, devem aparecer de forma recorrente nesse processo de consulta pública, a maior já realizada na milenar história do catolicismo.

Fica claro que as decisões finais seguirão como sempre respeitando a hierarquia tradicional — a consulta pública é democrática, mas caberá ao papa a palavra final.

O significado da iniciativa de Francisco é que ele demonstra acreditar numa Igreja que ouça os anseios dos cristãos de todo o mundo, afastando as decisões dos muros intransponíveis do Vaticano.

Isso nunca existiu na trajetória da Igreja: uma tentativa de consultar todos os católicos do mundo.

Reuniões e assembleias devem ocorrer em paróquias e em grupos, com questionários aplicados. A ideia é que todos se sintam tocados e participem com as suas opiniões.

Percebe-se que a ampla consulta à comunidade católica começará em nível local, nas dioceses e paróquias, para culminar na assembleia dos bispos.

Vaticanistas explicam que a ideia é de que, antes de cada grande decisão, antes de dar os rumos da Igreja, as pessoas sejam consultadas.

E que os bispos também façam isso, e que isso seja feito dentro das paróquias.

A intenção reformista de Francisco é ouvir a totalidade dos fiéis: incluir no processo os setores mais tradicionalistas da comunidade católica e os progressistas.

Desde que assumiu o Vaticano, Francisco já realizou quatro sínodos.

Os dois primeiros, debateram a família.

O terceiro abordou a questão dos jovens.

O último, ocorrido em 2019, trouxe para o centro da Igreja um tema urgente aos dias atuais: a Amazônia, com todas as suas implicações sociais, geográficas e ambientais.

Com a consulta que se inicia, o Papa Francisco consolida as suas ideias, criando raízes.

Ele sempre semeou ideias novas, mas falta ainda enraizá-las.

Que Deus proteja Francisco!

 

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