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Participação de presidente de entidade em jantar com Bolsonaro indigna comunidade judaica

Postado às 05h47 | 09 Abr 2021

Em uma carta aberta, parte da comunidade judaica brasileira manifestou "indignação" pela participação de Cláudio Lottenberg, presidente do Conselho do Hospital Albert Einstein e da Conib (Confederação Israelita do Brasil), em jantar de aproximação entre empresários e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na última quarta-feira (7).

Organizada pelas associações Judeus pela Democracia - SP e Observatório Judaico dos Direitos Humanos no Brasil Henry Sobel, a carta avalia que a participação de Lottenberg no evento, como presidente da Conib, teve como objetivo "dar legitimidade à ideia de um apoio de judeus a um projeto político que vai contra os mais altos valores humanistas e democráticos, legados a nós pela tradição e história do povo judeu".

"O presidente já demonstrou em inúmeras situações a indisposição de mudar de comportamento. Não há cooperação possível com Jair Bolsonaro. Há apenas a cooptação", diz trecho da carta divulgada nesta quinta-feira (8), que está aberta para a coleta de assinaturas.

Ela está endereçada ao próprio Lottenberg, à Conib e às demais entidades judaicas brasileiras. Como epígrafe, cita frase de Martin Luther King: “Quem aceita o mal sem protestar coopera com ele”.

O texto considera que Lottenberg fez uma "possível confusão" entre suas agendas institucional e pessoal, atitude que qualifica de "irresponsável, ambígua e perigosa".

"Não condiz com o cargo de representante político de uma comunidade que se orgulha de ser plural, nem com um órgão que se propõe, entre outros objetivos, a combater a intolerância", diz o texto, em referência à Conib. "Por uma infeliz coincidência, a 'confraternização amistosa' aconteceu em Yom Hashoá, dia em que lembramos os 6 milhões de judeus vítimas do Holocausto nazista."

O documento afirma que, desde 2018, diversos grupos da comunidade judaica vêm manifestando oposição a Bolsonaro por seus ataques "às instituições, aos demais poderes da República, à imprensa, à sociedade civil organizada, aos direitos humanos, à memória do Holocausto e a qualquer voz de oposição".

Por fim, o texto aponta Bolsonaro como responsável pelas mais de 340 mil mortes por Covid-19 no Brasil, devido à sua gestão "errática e irresponsável da pandemia". "A crueldade em rir e fazer chacota de quem padece da doença passa de qualquer limite aceitável e a humilhação internacional pela qual o atual governo nos faz passar deveria ruborizar qualquer cidadão brasileiro."​

 

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