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"Um ano da partida de Jardelino" - Ney Lopes hoje na "Tribuna do Norte"

Postado às 05h11 | 23 Mar 2022

Hoje, 23, um ano do falecimento do amigo, desde 1960, Jardelino de Lucena Filho, que conheci em disputas estudantis, quando ele liderava os estudantes do Atheneu.

Na época, presidia o Diretório Marista de Natal.

Depois, atuamos juntos na memorável obra social de D. Eugenio Sales, conhecida como “Movimento de Natal”.

Foi a convite dele e de Otomar Lopes Cardoso que aos 16 anos de idade comecei a trabalhar como locutor e noticiarista na Rádio Rural, depois repórter e diretor de redação do jornal católico “A Ordem”.

Militamos na Juventude Estudantil Católica (JEC) e Juventude Universitária Católica (JUC), verdadeiras escolas de vida.

Há fatos na vida de Jardelino, que merecem ser relembrados.

Quando o governo militar fechou os cursos de Jornalismo e de Sociologia, ele teve intensa atuação para a criação dos cursos de comunicação e Ciências Sociais, no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFRN, no qual foi diretor.

O aproveitamento dos professores nos quadros da UFRN resultou de trabalho dele, com o apoio do então reitor Onofre Lopes.

Era um homem humano e de sensibilidade social. No movimento estudantil católico (JEC/JUC) participei com ele de debates sobre os fundamentos da Doutrina Social da Igreja, originária da Encíclica Rerum Novarum, de 1891, do Papa Leão XIII.

No Movimento de Natal, coordenado por D. Eugenio Sales,  em finais de semana eram frequentes os ciclos de estudos e lá estávamos na companhia, entre outros, de Marco Antonio Rocha, Dermy Azevedo, Marco Aurélio de Sá, Marcos Guerra, João Faustino,  Luiz Sávio de Almeida (alagoano que veio morar em Natal), o português perseguido pela ditadura salazarista Manuel Carlos Chaparro, Otomar Lopes Cardoso, Safira Bezerra, Julieta Calazans, Enélio Petrovich, Jurandir Navarro, Edson Lucena, José Rodrigues Sobrinho, José Martins, Maria Bezerra, José Bezerra Marinho, Terezinha Vilar, Artur Vilar, Alberico Leandro, Teixeira Rocha, Inês Guerra, Lurdinha Guerra, Marta Guerra, Ana Maria, Fátima e Ângela Guerra, Maria José Peixoto, sociólogo e professor holandês Eurico Van Roosmalen, Emanuel Pereira (atual presidente do TST), Ivan Sérgio Freire, Tarcísio Monte, Francisco Assis Barboza, Guilherme Delgado, Leonila (Leó), Socorro Freire, José Eduardo, Conceição Moura, Célia e Clélia Vale, Lurdes e Lucia Santos, Joaquim Eloi Ferreira, Arlindo Freire, Assis Câmara, Salete Bernardo, Mariano (o eficiente chefe da gráfica que editava “A Ordem”), Gloria e Margarida (artesanato).

Mesmo com tais convicções cristãs, Jardelino ao dirigir o Centro de Ciências Humanas sofreu perseguição e teve risco de demissão da Universidade, em decorrência de infundadas denúncias do serviço secreto revolucionário de então, que o acusava absurdamente de influenciar a comunidade universitária, ao permitir a exibição de filmes no auditório universitário, considerados de guerra revolucionária.

Entre os filmes estavam "Nordeste: Cordel, Repente, Canção”, que apresenta diversos aspectos da arte popular nordestina e “Tenda dos Milagres” adaptação do romance homônimo de Jorge Amado, que narra a história de Pedro Archanjo, intelectual autodidata, que contestou ideias racistas.

Na época do seu matrimonio com a professora Renira Mota, já falecida, Jardel fez cursos de especialização em Ciências Sociais, na Universidade Católica de Louvain, na Bélgica.

Era seu colega o Padre e Escritor João Medeiros, membro da nossa Academia de Letras.

Em vida, assessorou importantes lideranças do RN, como Aluísio Alves, Djalma Marinho e o Cardeal Dom Eugenio Sales.

A sua esposa, Ana Amélia, confessou que ele sofreu no final da vida os males de uma doença incurável, com muita dignidade, sem se maldizer, nem blasfemar. Fazia orações e assistia filmes espiritualistas, em todos os momentos que estava acordado.

Realmente, um forte, com imensa capacidade de compreender as pessoas.

Post scriptum – Peço ao amigo Jardel, que na sexta-feira próxima, 25 de março, abrace na Eternidade, por mim e Abigail, o nosso filho Ney Lopes Jr, no dia em que ele completaria 48 anos de idade.

Diga-lhe, que estará sempre nos nossos pensamentos.

Num misto de tristeza e saudade, desejamos a ele um feliz aniversário no céu, até que ocorra o esperado reencontro.

 

 

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